No Estado, para cada domicílio com renda acima de 20 salários existem outros 31 com renda de zero a 2 salários
Nada menos que 67,6% dos lares cearenses possuem nenhuma renda ou rendimento de até dois salários mínimos - R$ 1.090. No Estado, para cada domicílio com renda acima de 20 salários mínimos existem outros 31 domicílios com renda de zero a dois salários mínimos.
Não é difícil encontrar os domicílios citados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com rendimento zero (105,3 mil casas) ou de até meio salário mínimo (278 mil) por mês. Casa de taipa na zona rural é um dos principais perfis desses domicílios.
Também é neles onde é mais difícil encontrar banheiro ou vaso sanitário. No Ceará, há 171 mil domicílios sem essa particularidade básica para uma residência. O outro drama é que do total de domicílios que tem banheiro ou ao menos o vaso sanitário (sim, há casas de um cômodo em que o sanitário fica ao lado do fogão), em 53%, ou 1,1 milhão de residências, os dejetos não são levados nem por uma rede de esgoto nem para uma fossa séptica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) não cansa de lembrar que a falta de saneamento básico está diretamente relacionada ao surgimento e à proliferação de doenças. E para cada um dólar investido em saneamento básico, outros quatro dólares são economizados em saúde. Um dos resultados de mais da metade dos lares cearenses sem esgotamento adequado é a lotação de hospitais principalmente para atenção básica de saúde.
De todos os Municípios cearenses, a pior situação da falta de banheiro foi encontrada pelo IBGE em Aiuaba, no Sertão dos Inhamuns. Dos 4.438 domicílios, exatos 1.600 não possuem banheiro ou ao menos vaso sanitário. Isso representa 36% dos lares do Município, mais do que cinco vezes a média estadual, que é de 7,2%. O problema também é mais grave em Salitre (34,30%), Moraújo (31,02%), Itatira (29,12%) e Ibaretama (23,19%).
Planejamento
Separando por zonas ou mesorregiões, o Governo do Estado juntou ao seu próprio levantamento as informações do IBGE para elaboração do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social (PEHIS).
Em miúdos, é um planejamento para indicar nos Municípios as residências sob risco social, geológico ou ambiental. "O objetivo é utilizar o plano como subsídio para o planejamento das ações de habitação por parte do Governo", afirma o secretário executivo das Cidades, Sérgio Barbosa. O plano foi apresentado na última quinta-feira em Sobral, na Zona Norte, e será levado para todas as outras regiões, pois precariedade habitacional é um dos males mais equânimes no Estado.
Diante desse quadro de estatísticas, poucas perguntas são tão simples e, ao mesmo tempo, complicadas de se responder como "quanto é necessário para se viver dignamente?"; "Qual a diferença entre viver e sobreviver?"; "Existe algum ponto coincidente entre miséria e dignidade?"; "Uma casa sem banheiro e sem gente empregada pode se considerar moradia?". E quando faltam banheiro, luz, água na torneira, trabalho, só existe carteira de identidade e título de eleitor, o pobre humano (ou miserável, indigente - não há consenso sobre o termo) se resume a duas estatísticas: voto nas eleições e índice no IBGE.
O último Censo, referente ao ano de 2010, foi divulgado na semana passada, mas ainda ajuda a pontuar e refletir sobre a situação do cearense. E do quanto se pode dizer que o Estado melhorou - entre os piores.
Pior renda
A desigualdade social brasileira, que já é enorme, é refletida de forma mais negativa aos níveis estaduais e municipais. Tanto que, com renda média mensal por domicílio de R$ 1.417, o Ceará tem o quarto pior rendimento do País. O problema é ainda maior quando se entende que a média é uma divisão aritmética entre ricos e pobres. Mas os poucos ricos têm renda tão desigual para maior que ao calcular a média é como se os pobres não fossem tão pobres.
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria das Cidades
Governo do Estado do Ceará
Telefone: (85) 3101.4462
http://www.cidades.ce.gov.br
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