terça-feira, 27 de março de 2012

PARABÉNS URUOCA 55 ANOS DE EMANCIPAÇÃO


Uruoca! passado de resistência, um futuro de esperança.

A terrível seca de 1877, 78 e 79 comoveu o país inteiro. As notícias de que no Ceará bandos de flagelados, famintos, doentes, vagando e fugindo pela sobrevivência padeciam pelos sertões e chegavam às cidades em busca de socorro. A situação era extremamente grave. Num só dia teria sido enterrados 1004 crianças no Cercado do Padre, hoje Pirambu em Fortaleza. Rodolfo Teófilo afirma que mais de trezentas mil pessoas morreram de fome e sede ou imigrou para Amazônia e Centro Sul.

O Imperador D. Pedro II determina a construção de estradas de ferro para o interior do Ceará já que todo rebanho animal havia sido dizimado. Uma estrada sairia de Fortaleza a Baturité e outra seria de Acaraú a Sobral. Depois resolveu construir a estrada de Camocim a Sobral passando por Palma (Coreaú). Finalmente, quando iniciaram a obra optou-se por outro traçado mais reto até a cidade de Sobral.

A construção da ferrovia que liga Camocim a Sobral, teve início no final da década de 1870 e inaugurada em 15 de janeiro de 1881 . O trem era abastecido com água e lenha na localidade de Arisco distante cerca de três km da atual cidade. No Arisco, casas e até uma capela foram edificadas. Missas e batismos celebrados. No entanto, engenheiros da estrada de ferro desaprovaram o povoamento por conta das irregularidades do terreno. Com o andamento da construção da linha ferroviária, montou-se acampamento às margens do rio Jurema, logo após a confluência dos riachos de São Domingos e São Francisco . O aglomerado formado foi denominado inicialmente de Riachão por conta da junção desses riachos. Com a inauguração da estação ferroviária, o povoado se consolidou.

Riachão consta como distrito da Granja em 1911, confirmado nos quadros do Recenseamento Geral da República de 1920, na divisão administrativa de 1933, no Decreto estadual de nº 448, de 20 de dezembro de 1938, que vigorou de 1939 a 1943 . Por imposição do Decreto Lei 1.114, de 30 de dezembro de 1943, assinado pelo Governador Paulo Sarasate, passou a se chamar URUOCA, palavra de origem tupi, que significa “Lugar onde habitam os Urus” . Em 26 de março de 1957, através da Lei 3.560 da Assembleia Legislativa que a desmembrou do território da Granja, juntamente com Martinópole, foi elevado à categoria de município. 

Não é possível falar da história de Uruoca sem levar em conta o passado de consolidação urbana. Como também não é possível refletir sobre a história do território sem acolher os indígenas que habitavam as ribeiras do Rio Coreaú. Influenciaram e formaram nosso povo, forjaram nossos costumes, deram nomes às nossas localidades, contribuíram com nossa culinária e fez parte uma história de resistência e dominação. Relembrar daqueles que vieram para trabalhar na estrada de ferro, no corte de madeira para abastecer o Maria Fumaça e fabricação de dormentes. A cidade nasceu com a estrada de ferro.

Ao completar mais um ano emancipação política, Uruoca escreve um novo capítulo em sua existência, valoriza a memória de seus ancestrais e resgata a estima de quem cotidianamente luta para construir sua cidadania.

Parabéns ao povo valoroso de Uruoca. Os de ontem pela resistência. E os de hoje por trazer a esperança de construir um mundo melhor. Que no futuro permaneça, em nossas mentes, o horizonte de esperança.

Moésio Mota – historiador e militante dos movimentos sociais.

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