terça-feira, 3 de abril de 2012

Perigos, mitos e verdades sobre os raios



Um dos fenômenos atmosféricos mais impressionantes e também um dos mais perigosos. Assim são os raios que, quando acontecem, enchem os olhos de quem os vê, mas também amedrontam muita gente. Apesar de casos raros de pessoas atingidas por esta enorme descarga elétrica natural, a ocorrência deles no céu e solo cearense é mais comum de que imaginamos. 

De janeiro até o último dia 28 de março, cerca de 16 mil raios foram registrados pela Coelce no Estado, através do Sistema de Monitoramento da companhia. A cidade de Granja foi a mais atingida com 1.486 descargas. A capital cearense contou apenas com quatro raios, desde o início do ano. 

Em 2011, foram registradas 65.344 descargas atmosféricas e em 2010 cerca de 45.000, sendo as áreas mais atingidas as regiões Norte e Sul do Estado. O sistema identifica as áreas de maior incidência, otimizando a instalação de equipamentos de proteção contra descargas. O equipamento é fruto de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento da Coelce, desenvolvido entre os anos de 2005 e 2008, com investimentos totais de R$ 615 mil. 

Todo o projeto foi financiado pela Coelce, com participação técnica dos engenheiros da empresa e realização de pesquisas de estudiosos da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual do Ceará. 

Entretanto, apesar dos inúmeros estudos voltados para este grande fenômeno natural, ainda falta muito o que descobrir acerca dos raios. O físico e pesquisador da Área de Satélites da 
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, explicou que raios são fortes e enormes descargas elétricas, muito luminosas, entre uma nuvem e o solo, ou entre nuvens, associados a tempestades. 

“Eles passaram a ser melhor conhecidos, somente quando a teoria física da eletricidade foi desenvolvida. Ainda são objeto de estudo científico, por causa de sua complexidade, mas sabe-se que eles ocorrem, basicamente, para equilibrar cargas elétricas opostas e concentradas entre nuvens e solo ou entre as nuvens. Geralmente, as cargas elétricas são negativas na base da nuvem e positivas no solo abaixo da nuvem”. 

Apesar da força natural de um raio, o físico salientou que, por conta de sua pequena duração, os raios apresentam uma energia minimizada, gerando pouco mais de 300 kWh, valor equivalente ao consumo mensal de energia de uma casa pequena. Por outro lado, eles podem ser fatais, devido os efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários. “As descargas, também provocam incêndios ou queda de linhas de energia, podendo atingir uma pessoa. A corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos às diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória”, esclareceu. 

MITOS E VERDADES 
Por se tratar de um acontecimento pouco conhecido pela população em geral, mitos e verdades cercam o assunto. Muitas “receitas caseiras” são disseminadas para proteger as pessoas durante uma tempestade elétrica. Quem nunca ouviu dizer que ficar debaixo de uma árvore é o mais seguro contra os raios? Contudo, o especialista desmistifica isso alegando que objetos altos são os principais alvos destas descargas elétricas. 
“Não é seguro ficar debaixo de uma árvore principalmente se ela estiver isolada. Os abrigos devem ser procurados em caso de tempestades com raios. Deve ser evitada proximidade com a água e objetos altos, metálicos e eletrodomésticos, mesmo dentro de casa. Ao ar livre, o lugar mais seguro para ficar em caso de raios é dentro de um objeto metálico fechado, como um carro ou mesmo um avião”. 

CAI SIM DUAS VEZES NO MESMO LUGAR 
E aquela máxima de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Puro engano. Segundo Raul Fritiz, nada impede que o fenômeno possa atingir o mesmo ponto no solo mais de uma vez, principalmente se o local apresenta grande incidência de raios. “Como exemplo, podemos citar o monumento Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que é atingido, anualmente, por uma média de seis raios”. 
Espaços descampados também é um grande reduto para ocorrência dos raios. Apesar do físico relatar que as chances de uma pessoa ser atingida por esta descarga elétrica ser menos que um para um milhão, quando o indivíduo encontra-se em locais abertos, as chances podem aumentar significativamente até de um para mil. 
Evidentemente, a época mais favorável, no Ceará, para a ocorrência das tempestades elétricas é a chuvosa, principalmente, entre fevereiro e maio, onde formações de nuvens de chuvas mais significativas são encontradas. Mas ocorrências de raios também podem se verificar, em menor escala, na pré-estação chuvosa (final de dezembro e janeiro) ou na pós-estação (junho e julho). 
“Tem-se poucos estudos sobre a incidência de raios no nosso Estado em particular, mas ela é relativamente alta. No nosso vizinho Piauí, sabe-se que Teresina é uma das cidades brasileiras em que mais incidem raios. O Brasil apresenta o dobro de incidência de raios quando comparado, por exemplo, aos Estados Unidos”. 

PARA-RAIOS 
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a principal ferramenta para reduzir as consequências e prejuízos causados pelos raios são os terminais aéreos, mais conhecidos como para-raios. De acordo com o instituto, sistema de proteção contra relâmpagos tem como objetivo blindar uma estrutura, seus ocupantes e seus conteúdos dos efeitos térmicos, mecânicos e elétricos associados com os relâmpagos. Eles devem ser instalados nos pontos mais altos da estrutura. Algumas vezes, estas hastes são interligadas através de condutores horizontais. 
Um sistema de proteção contra relâmpagos pode também incluir componentes para prevenir danos causados por efeitos indiretos dos relâmpagos como supressores de surtos. A atividade de relâmpagos próximos a um local, incluindo relâmpagos dentro das nuvens e entre nuvens, pode causar surtos de tensão, conhecidos como sobretensões ou transientes, que podem afetar linhas de tensão, cabos telefônicos ou de dados, e instrumentação em geral. 

CUIDADO E PREVENÇÃO 
De acordo com a Coelce, algumas atitudes de prevenção podem ser tomadas, durante uma tempestade elétrica, para evitar acidentes com raios. 
Cuidados dentro de casa durante tempestade: 
- Evitar uso de chuveiro ou torneira elétrica; 
- Evitar contato com objetos com estrutura metálica como fogão, canos, torneiras e cabos de aterramentos; 
- Evitar ligar equipamentos elétricos e eletrônicos; 
- Quando possível, desconectar das tomadas aparelhos elétricos e eletrônicos; 
- Se possível, permanecer dentro de casa enquanto a tempestade durar. 

Cuidados fora de casa 
durante tempestade: 
- Evitar contato com objetos metálicos como cercas de arame, portões metálicos, tubos metálicos, cabos de aterramento e principalmente linhas telefônicas ou elétricas; 
- Evitar proximidade com tratores, máquinas agrícolas, motocicletas, carroças, veículos; 
- Evitar estar perto de locais como campos abertos, pastos, piscinas, lagos, praias, árvores isoladas, postes e locais elevados. 

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