Tem coisas que seriam cômicas se não fossem trágicas. Outras que seriam apenas ridículas se não fossem abomináveis. Encontram-se as quatro em curso no episódio Carlinhos Cachoeira-Demóstenes Torres. Por ser senador, este não poderia ter gravadas as conversas com aquele, pela Polícia Federal, sem licença do Senado. Assim, devem ser anuladas todas as provas contra ele...
Ora, a Polícia Federal investigava o bicheiro. Se no correr de mais de mil telefonemas monitorados por ele, trezentos foram dados e recebidos de Demóstenes Torres, implicando-o sem ser o objeto principal da investigação, como imaginar poder de veto ao Senado?
No fundo, trata-se de indícios e evidências de corrupção praticada entre os dois, caracterizando crime. Como anular o ilícito penal porque o Senado não foi ouvido para dizer se permitia ou não que um de seus integrantes tivesse sido grampeado porque dava ou recebia telefonemas do bandido investigado?
É a velha história que se arrasta desde os tempos do Brasil-Colônia: quem pode pagar bons advogados consegue evitar condenações, por mais claras que sejam as provas de seu crime. Simplesmente, anulam-se as provas, dessa vez em nome de um elitismo inadmissível. Por ser senador, um cidadão está acima e além da lei, porque se não fosse, estaria condenado...
Nas mãos do Supremo Tribunal Federal repousa a decisão sobre se valem ou não as provas colhidas contra Demóstenes. Se não valerem estará recuperada e limpa a sua imagem?
Outro artifício em vias de se completar está na negativa do Supremo Tribunal Federal de liberar para o Conselho de Ética do Senado as provas contra Demóstenes. Só se for para uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Para os que devem zelar pela ética dos companheiros, nada feito.
Carlos Chagas (www.claudiohumberto.com.br)
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