Brasília - “Quem pede voto em troca de água não merece nossa confiança” é o slogan usado por representantes de movimentos sociais para alertar a população do Semiárido a não aceitar o uso eleitoreiro da água e a denunciar a negociação de votos em troca de benefícios durante a campanha para as eleições municipais deste ano.
Intitulada Não Troque Seu Voto por Água. A Água É Um Direito Seu!, a campanha foi lançada este mês pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), rede formada por mil organizações da sociedade civil que atuam nos estados do Nordeste e em Minas Gerais. Com inserções em rádios locais e comunitárias, além de panfletos e cartilhas, a mobilização tem o objetivo de conscientizar, principalmente, pequenos agricultores.
O coordenador da ASA, Naidison Batista, enfatizou que no momento em que o Semiárido enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos, há políticos que aproveitam as medidas de socorro às vítimas da estiagem, como o fornecimento de carros-pipa e a distribuição de alimentos e de sementes com recursos públicos, para se manter no poder.
“Quando há seca, é comum haver a prática de compra de votos, porque nessas ocasiões principalmente os agricultores mais pobres estão muito fragilizados. Eles têm pouca alimentação para seus animais, para sua família e pouca água. Quando procuram os representantes do poder público para acessar programas de assistência social, é comum ouvirem pessoas dizendo que vão levar água ou alimento, mas que têm que votar no candidato que estão indicando”, afirmou.
Naidison Batista ressaltou que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, ajudam a reduzir a incidência dessa prática, já que as famílias ampliam sua capacidade de compra de produtos da cesta básica e de água. “Mesmo assim, essas situações ainda são frequentes”, lamentou.
O coordenador da organização não governamental lembrou que oferecer benefícios em troca de voto é crime, conforme previsto na Lei 9.840/99, conhecida como Lei de Combate à Corrupção Eleitoral.
“Queremos estimular a mentalidade da cidadania, a consciência de que não podemos vender nosso voto por nada. E se houver tentativa de compra da nossa escolha é preciso denunciar ao Tribunal Regional Eleitoral dos estados, ao Ministério Público Estadual e até a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]”, alertou.
Thais Leitão/Agência Brasil
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