COM SECA, AGRICULTORES DO CEARÁ ANDAM ATÉ 4 KM PARA PEGAR ÁGUA
Em Canindé, na Zona Norte do Ceará, agricultores da zona Rural andam quatro quilômetros por dia para encher baldes com água. “Tem dias que ainda volto para buscar de novo”, diz a agricultora Ana Maria Barros Pereira. Sem água no açude da região onde mora e nas torneiras, ela conta com a água do açude mais próximo que ainda não secou totalmente.
Em 2012, o Ceará sofre uma das piores secas dos últimos 40 anos, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Segundo o órgão, o nível de preciptação no estado neste ano é 10 vezes inferior à média histórica anual. Devido à falta de chuva, 174 das 184 cidades do Ceará estão em situação de emergência.
Em Milhã, no Sertão Central do Ceará, a cidade corre o risco de sofrer um colapso de água, de acordo com o secretário da cidade Rony Figueiredo. “Não existe água no município de Milhã. Estamos pedindo socorro ao governador do estado, defesa civil, governo federal para que a gente possa suprir a necessidade de água no nosso município”, diz Figueiredo.
Mais prejuízos
Por conta da falta de chuva, agricultores perdem o gado, que não tem o que comer ou beber. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário não tem uma contagem oficial, mas acredita que milhares de cabeças de gado pereceram neste ano em consequência da estiagem.
As safras também sofreram prejuízo. Em 12 cidades do Ceará, a perda da safra foi de 100%. A cultura mais prejudicada foi a do milho: 90% de perda em todo o estado. O pouco alimento colhido chega mais caro à mesa. Desde o início do ano, a cesta básica no Ceará sofreu uma inflação de 12%. O principal fator responsável pela inflação na cesta básica é a falta de chuva, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
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