2013. A marcha do tempo e a ideia do novo
Já repararam como somos aficionados com a ideia de ciclos, fim de eras e términos de qualquer coisa? Mesmo quando empreendemos uma tarefa de lançamento, como nas viagens espaciais, a contagem regressiva rapidamente nos leva ao início de uma nova aventura ainda que desconheçamos o seu percurso.
É assim, também, com a mudança do calendário. O fim do ano nos dá uma certa impressão de que podemos, de forma mágica, fechar a página do que vivemos e, descompromissados de tudo, começar do zero, quando o correto seria a continuidade do projeto que estamos encetando.
Mas a alma humana, como escreveu o mestre em Educação, Mário Sérgio Cortella, "tem obsessão pelos insistentes fins e recomeços e fica ainda mais aguda quando nos remetemos aos anos".
Mais do que propriamente ressaltar as conquistas que se teve nos dias que findam, o que nos leva a celebrar os novos tempos que chegam é a certeza de que, aquilo que não deu certo por culpa de nossa inconstância ou desídia, pode ser jogado na lixeira do esquecimento e nos dedicarmos livremente ao ano que está chegando.
O poeta alemão Schiller escreveu: "três aspectos tem a marcha do tempo: o futuro aproxima-se hesitante; o agora voa como seta arremessada; o passado fica eternamente imóvel". E, assim, adoramos os finais e nos agarramos de corpo e alma ao recomeço de qualquer coisa.
Provavelmente, porque não fizemos por onde alcançar o sucesso de nossos desejos - e, nesse caso, adoramos culpar o ano velho como se ele fosse o culpado de nosso fracasso.
Em tudo isso, há um lado positivo. O de nos alimentarmos, uma vez seguinte, dessa força chamada esperança. Essa força energética que é tão eficaz para a alma, consegue remendar os pedaços dos sonhos partidos; reanimar os desejos que ainda estão de pé e fundir em nosso íntimo a satisfação de que o novo pode permitir mudanças no nosso próprio compromisso conosco.
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