Foto: arquivo, Açude Pinga julho de 2013
Além dos açudes estarem com menos 20% da capacidade, há locais com água inutilizável.
O cenário é de desolação. No Ceará, dos 184 municípios, apenas Fortaleza, Eusébio, Horizonte, Itaitinga, Guaramiranga e Pacatuba, escaparam até agora de decretar situação de emergência devido à pior seca dos últimos 50 anos no Nordeste. Os outros 178 estão na dependência de ajuda estadual e federal. Ou seja, 96,7% de todo o território cearense foi afetado de forma brutal pela falta de chuvas, com decreto de situação de emergência por seca publicado no Diário Oficial do Estado.
E a situação tende a piorar, alerta a Associação dos Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece). Segundo a entidade, 25 municípios correm o risco de colapso no abastecimento de água até novembro deste ano em decorrência de açudes que estão com menos de 20% da capacidade total de armazenamento ou dos que devem atingir o "nível morto", considerado quando a água se torna inutilizável para seres humanos e animais, e ainda devido aos poços profundos que precisam de manutenção.
No entanto, frisa a Aprece, a burocracia atrasa a compra de máquinas para perfurar poços ou obras urgentes como a construção das chamadas adutoras de engate rápido (em cima do solo) e que podem ser feitas em até 60 dias, prejudicando o atendimento dessas populações.
Na relação desses municípios: Acopiara, Alcântaras, Canindé, Caridade, Fortim, Irauçuba, Itatira, Nova Russas, Parambu, Pindoretama, Potengi, Quiterianópolis, Salitre, Beberibe, Milhã, Antonina do Norte, Aratuba, Caririaçu, Moraújo, Pacoti, Mulungu, Palmácia, Pacujá, Potiretama e Guaramiranga.
O assessor técnico de operação da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos no Ceará (Cogerh), Geanni Lima, diz que não é bem do jeito que a Aprece afirma. Segundo ele, é verdade quanto à situação dos recursos hídricos, mas todos os municípios em estado de alerta terão ações para resolver problemas. "Em Beberibe, por exemplo, já foi feita uma adutora de engate rápido, as obras em Milhã e Antonina do Norte estão em execução, e os outros também devem começar", esclarece ele.
Racionamento
Do total dos municípios, apenas em Aratuba, Caririaçu, Moraújo, Pacoti, Guaramiranga, Mulungu, Palmácia, Potiretama e Pacujá é recomendado o racionamento de água. "Naqueles localizados na serra, onde a fonte principal de abastecimento é o poço, é preciso, sim, ter cuidado para que a água chegue até à próxima estação chuvosa".
No entanto, Gianni ressalta que mesmo com a capacidade hídrica atual em 41% nos 144 açudes monitorados pela Cogerh, sendo que metade abaixo dos 30% de volume, o abastecimento de água está garantido até o próximo ano. "Apenas 24 não chegarão até fevereiro de 2014. Nossa preocupação está em Quiterianópolis, Salitre e Irauçuba, onde o abastecimento é crítico. Essas populações estão com o carro-pipa", diz. A assessora técnica da Defesa Civil do Estado, Ioneide Araújo, informa que dos 178 municípios em situação de emergência, 175 é pela seca e três, Juazeiro do Norte, Barbalha e Uruburetama, por estiagem, recebem ajuda do Estado para minimizar os impactos da falta de chuvas.
Segundo ela, o Exército garante à zona rural de 105 municípios o programa do Carro-Pipa. Já a Defesa Civil é responsável pelo abastecimento nos outros 73, sendo que destes, 50 recebem o carro-pipa e os outros são beneficiados com ações por outras demandas. "Não é verdade que a burocracia prejudica as ações urgentes. É preciso obedecer critérios, senão a gente perde o controle, mas toda a ajuda chega em tempo hábil".
Agilidade
Para o assessor técnico de Desenvolvimento Rural da Aprece, Nicolas Fabri, é preciso melhor planejamento de trabalho em toda a rede que atua na área. "A falta de agilidade em ações de emergência e em investimentos para os próximos anos é nosso maior gargalo", afirma.
(Diário do Nordeste)Visão norte
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