terça-feira, 25 de junho de 2013

Pesquisa mostra que 46% nunca tinham participado de manifestações


O Fantástico mostrou, neste domingo, que há muitas reivindicações feitas pelos manifestantes. Mas a pesquisa Ibope encomendada pelo programa revelou que em muitos aspectos as pessoas que estavam nas ruas na quinta-feira são bem parecidas. Você vai ver agora a resposta para a pergunta: quem são esses manifestantes?
Até semana passada, essas eram três páginas na internet: a do Hugo, da Ligia e da Fernanda. A indignação empurrou essas três e tantas outras páginas pra rua.

A multidão se estende a perder de vista. São muitas cabeças e muitas ideias. Mas o que a gente quer entender é quem é esse jovem que sai de casa talvez pela primeira vez na vida pra lutar por alguma coisa.
Cerca da metade das pessoas nas passeatas, 46%, nunca tinha participado de uma manifestação de rua.
Ligia era uma delas na quinta-feira, 20 de junho. Em São Paulo, a estudante de administração saiu mais cedo do trabalho e convenceu dois colegas a irem com ela.
Na casa do namorado, encontrou ainda mais gente. Eles combinaram pela internet.
“A gente venceu a batalha de diminuir a tarifa para R$ 3, mas ainda não a guerra”, destaca Ligia Oliveira
A grande maioria, 78% dos manifestantes, disse que se organizou para ir à passeata pelas redes sociais.
No Rio de Janeiro, Fernanda e os amigos marcaram de se encontrar pra discutir melhor o que está acontecendo. E decidiram que vão para manifestação fazer um vídeo para compartilhar depois.
“O nosso objetivo é ver o que está acontecendo, saber porquê eles estão ali”, disse Fernanda Carvalho, de 23 anos.
Hugo estava motivado a chamar muita gente. Na Universidade de Brasília, ele foi de sala em sala fazer a convocação. E chamou muito mais gente pela internet.
Setenta e cinco por cento dos entrevistados disseram que usaram rede social também para convocar amigos para participar das manifestações; 52% dos que estavam lá eram estudantes; 43% tinham ensino superior completo; 43% tinham menos de 24 anos; 49%, uma renda familiar de mais de cinco salários mínimos - o equivalente a R$ 3.390; 45%, renda de menos de cinco salários mínimos.
“O que está acontecendo na rua hoje é uma manifestação da forma como as pessoas conversam nas redes sociais. As pessoas estão passando e parece que você está vendo o fluxo de uma pagina de internet. Uma hora as pessoas estão falando sobre diversidade sexual, outra hora estão falando sobre reforma política. Por isso que eu acho que é errôneo exigir que haja uma agenda única ou uma pauta especifica pra essas manifestações”, disse Ronaldo Lemos, coord. Centro de Tecnologia da Sociedade da FGV-Rio.
Hugo se esforça pra continuar aumentando seu grupo.
“Atenção, pessoal. Tá sendo formado aqui um bloco; Um bloco LGBT. Um bloco negro. Um bloco de todas as minorias políticas deste pais”, disse o estudante com um mega-fone.
“A gente veio pra fazer uma coisa, mas aqui a gente chega e vê que o povo está unido e está lutando pelos seus direitos e a gente acaba também se misturando com eles”, destaca Guilherme Alves.
Fernanda e os amigos fazem entrevistas pra voltar depois com a discussão na internet. Foi lá que surgiram os primeiros gritos que depois foram ouvidos nas ruas.
“Por muito tempo a internet foi ignorada. ‘Isso aqui não é preciso ser levado a sério. Isso que é algo que está a parte da sociedade brasileira’. O que a gente está assistindo agora é justamente mostrando que por trás de cada uma dessas ideias têm pessoas. A questão é que isso não foi ouvido e as pessoas partiram pra rua”, observa Ronaldo Lemos.

Coreaú em revista

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