quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Violência em Coreaú, o que fazer?

Nunca uma série de incidentes de violência deu mais o que falar do que neste ano de 2013 em Coreaú. A população, evidentemente, fica atordoada com as más notícias que se espalham de rua em rua até preencherem de medo o que outrora era ocupado pela calma (esperada) de interior.

Indagam-me cidadãos ante esse momento: O que fazer? Por que a bomba foi estourar assim de uma vez?

Não há uma resposta unicausal (de uma única causa) para o problema, mas situações onde podemos intervir, buscando a prevenção. A melhor maneira de combater a violência, aprendi, é promover o seu oposto: a paz.

No entanto, para prevenir a violência e promover a paz, em um âmbito prático, precisamos de ampla mobilização. Quem dá o pontapé inicial? Parto do pressuposto de que quem mais tem condições de tomar a iniciativa seja o poder público.

O Prof. Fernando Machado, em texto recente, apontou a primeira abertura necessária: o debate em audiências públicas; aí é que se pode construir estratégias mais abrangentes e sólidas.

Sabemos que jogar polícia na rua por si não basta, até porque o efetivo de policiais não é suficiente. Algo mais deve existir na teia de relações que permeia a violência em nosso município.

Há exemplos de lugares onde em cada comunidade se organizam pessoas responsáveis pela sua vigilância e, ao sinal de algo que atente contra o sossego do lugar, o responsável alarma a área e entra em contato com a polícia. A responsabilidade não se restringe à pessoa que colabora, mas a todos da comunidade.

A inteligência é o setor mais estratégico da polícia e onde fatidicamente pouco se investe. A partir do momento em que os guardas entram em contato contínuo com as comunidades, à procura de focos potenciais de crime, pode-se desarmar riscos. A Guarda Pró-Cidadania, hoje desfalcada, deve, teoricamente, cumprir a função de entrar em contato contínuo com os cidadãos, informar-se de seus problemas cotidianos, realizar trabalhos socioeducativos, e não tem conseguido fazer isso.

Em outro âmbito, nossas comunidades mais empobrecidas carecem urgentemente de olhar mais cuidadoso por parte da sociedade coreauense; nelas temos grupos de pessoas ociosas, sem oportunidades visíveis de inserção social e cultural. São locais sem espaços de lazer, muitas vezes repletos de lixo e matagal, mal iluminados, ambientes, com o perdão da palavra, desagradáveis e feios.

Ademais, evidencia-se o alcoolismo e uso abusivo de outras drogas nestes mesmos lugares, o que pode até não ser causa direta da violência, mas incide claramente sobre ela, dando ou a coragem para a realização de atos violentos e ilícitos (agressões passionais, furtos, vandalismo etc.) ou ainda atuar como fator de risco combinado à imprudência na condução de veículos (violência no trânsito).

O desafio é combinar a inteligência em segurança e policiamento com a revitalização de nossas comunidades, criação de espaços de inserção de pessoas marginalizadas (projetos socioculturais e ampliação de busca ativa), campanhas de prevenção ao abuso de álcool e outras drogas. Tudo isso requer, repito, uma ampla mobilização, que começa com um pontapé. Que tal a gente tentar tirar de foco o medo e arregaçar as mangas enquanto a situação não piora?
 
Por Benedito Gomes Rodrigues

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